esta carta que permanece ilesa nas mãos côncavas de uma menina, tem um autor espectral. ninguém se acusa, ninguém assume identidade, ninguém oferece uma existência dura à autoria desse escrito que permanece ileso nas mãos côncavas da menina. ela bebe sôfregamente cada palavra que mal sabe ler. ela chora pelo toque na alma que essas palavras coladas ao papel lhe provocam. ela teme que a carta lhe seja roubada das pequenas mãos côncavas, porque nessas mãos ela segura o seu tesouro. o autor está em cada vírgula, mas cada vírgula é mentira. o autor dá à menina resistententes asas para que voe até ao infinito.
a liberdade guarda-se nas mãos.
o autor da liberdade escreve sublimemente a carta que todos guardamos nas mãos. uns lêem, outros pedem que a leiam por eles.