quinta-feira, 29 de julho de 2010

Bright Star


Bright star, would I were stedfast as thou art
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors
No yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever or else swoon to death.



John Keats

quarta-feira, 21 de julho de 2010

como se costuram os sonhos


entre agulhas, dedáis, carrinhos de linha, bainhas que se fazem e desfazem... há conversas que adocicam o tempo. fala-se de tudo um pouco: os assuntos são como uma manta de retalhos que se vai cosendo com linhas variadas e coloridas. esta manta é como a vida, diversa e pitoresca, não se repete uma linha. existem linhas paralelas, mas não são da mesma cor. eu sou um dos retalhos da manta, sinto a picada da agulha que trespassa o tecido...

AU! piquei-me!


esqueci-me de pôr o dedal.

as conversas não têm fim. a máquina de costura não cessa o seu chilrear. há bainhas para fazer. há palavras sábias para escutar e sonhos a partilhar.
hoje falei de um desejo que tenho. esse desejo coloriu o meu retalho. hoje fui um retalho mais garrido.
um dia o meu desejo vai realizar-se.
o tempo é a melhor costureira.

sábado, 10 de julho de 2010

nós que vivemos


moramos sempre em nós, mas procuramos outra casa.
acendemos sempre a vela, mas o pavio é pequeno e não dura nada.
escrevemos sempre a Carta, mas nunca a chegamos a enviar.
enchemos sempre balões, mas rebentamo-los antes da festa começar.
ouvimos sempre a música que amamos, mas ela nunca é apenas uma música.
colocamos sempre as rosas num jarro alto, mas atiramos com ele ao chão.
buscamos o mesmo nome em todas as pessoas, mas choramos sempre que o ouvimos.
fumamos sempre as boas memórias, mas ressacamos a vida inteira à custa delas.

dói-me a cabeça. hoje quero ficar aqui.


amanhã vou.