sexta-feira, 26 de novembro de 2010

a Lua está sempre ali


quero beber contigo o cálice do amor e construir estradas novas para as nossas viagens nocturnas. só a Lua nos vigia. as estrelas são velas acesas pela chama da nossa faísca, o negro do céu o manto que nos envolve no amplexo do silêncio das palavras. descemos os dois às trevas do coração e descobrimos os nossos Vales Encantados. debaixo da pele somos feitos da matéria do Sonhos. do meu vale colho uma flor para ti; do teu dás-me o Arco-Íris.


No colo da Ilusão imaginei tudo isto.
Não cabe na Realidade.


é mentira demais.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

moi et mon coeur


vou viajar à procura de mim. não pertenço aqui. não pertenço ao vento que me abraça. não pertenço ao chão que me sustém. não pertenço às paredes que me vigiam. não pertenço às memórias que me prendem.
sou uma alma sem abrigo, uma vontade constante de mudança. sou um sopro das minhas próprias ideias.

entrei no comboio. levo comigo a polaroid, a testemunha do meu auto-encontro.

a viagem começou.
já sinto a radiografia à caverna do meu coração.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Clem, you're not ugly


tenho borboletas na barriga, dizia eu quando aguardava ansiosamente a Hora do Conto. aquelas borboletas eram o meu desejo, o meu desejo dotado de asas leves, belas e puras. o Conto era o Vale Encantado onde voava sem regras ou limites, um livre trânsito que dava espaço à elegância do vento da imaginação. a cada história que escutei fui feliz por não ser eu, ou melhor, por ser o que queria.
hoje ainda sinto as borboletas na barriga. mas as suas asas já não carregam a minha alma no seu voo. são borboletas pouco devotas ao desejo e servas de uma majestade: a realidade.

incomodam-me.


tenho borboletas na barriga. quero o colo das palavras. tell me a sweet dreams story. just for tonight.

just for tonight.



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

algures na mente


alguém me perguntou hoje com o que é que sonhei. a resposta a esta invasão ao meu inconsciente emerge nas próximas palavras:


um imenso campo de searas verdes (verdes até ao esgotamento da retina) expande-se em todos os ângulos dos meu olhar. ao fundo, bem ao fundo, identifico uma silhueta humana, que dada a incalculável distância não consigo dar um nome. é apenas um ser imóvel.

nós sentimos (com o coração) nos sonhos? eu tive a impressão que sim. . .

entretanto, um mocho passa num voo imperativo e fixa aquele olhar perturbador sobre mim.
corro.
corro até perder o ar que me resta.
(...)

não me consigo lembrar do final, por mais voltas que dê. como sempre, os sonhos são claros para a alma, mas indecifráveis à compreensão.

tomem a liberdade de interpretar este sonho. nenhuma interpretação será a correcta, mas ao menos brinca-se um pouco com as peças soltas do inconsciente.