quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

farewell my concubine, Kaige Chen (1993)


Com um enquadramento histórico excepcional -revolução cultural, invasão japonesa...-, este filme chinês consegue uma brilhante história que se desvela em torno de duas personagens centrais: Dieyi e Xiaolou.
Estas duas crianças, que cresceram juntas numa instituição educativa pré-revolucionária, ver-se-ão agrilhoadas pelo então sistema chinês que convencionava toda uma rigidez disciplinar aplicada ao método de ensino. Futuros actores de Ópera Chinesa, Dieyi e Xiaolou não podiam prever o que as suas actuações revelariam: uma passagem da tragédia teatral para o palco da vida real. É no palanque onde a representação decorre que os sentimentos são mais puros, é no camarim que as lágrimas borram a maquilhagem em nome da frustração amorosa, é em tribunal que se perdem as forças perante um julgamento injusto...

Retratando um período política e socialmente atribulado, é um filme para ver e rever, de alcance estético-performativo singular na cultura chinesa. É também um suspiro pela tradicional Ópera Chinesa enquanto marca de uma cultura em decadência, um genuíno Adeus Minha Concubina...


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

os sonhadores


este mundo não é claramente para os sonhadores. as utopias já não caem em terra fértil. o ar está saturado, as mentes tolhidas.

a razão pura tomou posse do trono da fantasia. a liberdade do pensamento vê-se agrilhoada pelos medos de não se corresponder ao "pradrão" das ideias do nosso tempo. as ideias são moda, não se sentem, não são convicções. as ideias são ditados que nos fazem, são frases bonitas que se apanham no ar e se debitam sem saber o que realmente significam.

o mundo está a envelhecer. os sonhadores, esses autores no NOVO, da juventude das ideias, estão presos ao medo da sua voz.


enquanto isso,


vão escrevendo às escuras.