«Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens.» Rimbaud
segunda-feira, 27 de maio de 2013
os livros que devoraram o meu pai
«(...) nós somos feitos de histórias, não é de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros. É de histórias. O meu pai, tenho a certeza, perdeu-se nesse mundo e agora ninguém lhe consegue interromper a leitura. (...) Há inúmeros lugares onde um ser humano se pode perder, mas não há nenhum tão complexo como uma biblioteca. Mesmo um livro solitário é um local capaz de nos fazer errar, capaz de nos fazer perder. Era nisto que eu pensava enquanto me sentava no sótão entre tantos livros.»
Afonso Cruz
terça-feira, 21 de maio de 2013
dois
compro bilhetes para dois, sabendo que te vais sentar ao meu lado no(s) espetáculo(s). vens sempre, penso, não gastei o dinheiro em vão. vens sempre. talvez por vires sempre, sinto mais esta ausência isolada, no meio do sempre
que define a tua presença. já não penso no dinheiro do bilhete, nem pretendo
dá-lo a outra pessoa. vou voltar para casa e guardar na minha mala o dia em que
não vieste, borrifado com a amostra de perfume que me deram na loja.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
é doce
quero fazer, deixa-me fazer. quero sujar e ser senhora da
bagunça. quero rir muito e misturar os ingredientes sem olhar às medidas
certas. quero errar a receita para repeti-la. quero farinha pelo ar e bigodes
de chocolate. quero provar com a ponta do dedo a minha invenção. quero que o
avental fique com as marcas da grande proeza. quero ver o bolo crescer
demasiado, porque pus fermento a mais. quero chegar ao fim, olhar em volta e tentar decifrar o sabor da aprendizagem.
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