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a linguagem é a minha roupa. se me falta a palavra sinto-me nua.
hoje vesti saia. não era muito curta, porque não gosto de poupar no tecido do verbo; não era muito comprida, porque não gosto que tape demasiado a comunicação directa. não era justa porque não gosto que ela denuncie a forma dos meus pensamentos; não era transparente, porque não gosto que revele os meus segredos.
toda a linguagem pode ser a bandeira ou a máscara de uma ideia. é preciso usá-la com moderação. é este o conselho que te deixo: veste a roupa adequada; não escondas muito a alma, mas também não a ofereças de bandeja. (o que vale para o vestir também vale para o despir: devagar, se faz favor, e não completamente. deixa ao menos a roupa interior, que é como quem diz, a palavra-chave do teu coração. não dês o código: deixa que o descubram).
resgarda-te na
linguagem:
ela encarrega-se de te ditar aos outros.