escrevo sobre a leveza dos passos daqueles pés sobre os quais vai um corpo pesado pela alma. um corpo que não diz, mas ao caminhar se revela aos olhos de quem o ama. esconde na carne os medos, as inquietações. reprime o grito do desejo: grita o desejo como um ator de cinema mudo. falta-lhe a sincronização entre a pele e o invisível que ela encobre. a eletricidade entre os dois sofre a interferência do medo. há um apagão na cidade do amor.
vou chamar o eletricista e pedir-lhe para matar o medo e acender a luz àquele desejo. ele chama por mim, eu respondo. o corpo é um canal. deixo de ser corpo quando estou iluminada por ele. sou feita da matéria do grito.