A estética é tão volátil, indefinível, relativa e, por isso, tão desconcertante. Oscar Wilde mostrou sublimemente n'O Retrato de Dorian Gray como o conceito de Arte pode prescrever a nossa existência. Subsistem na consciência humana inúmeras formas de retratar a vida. A tela não parece estar completa até que aquilo que idealizámos esteja perfeita e harmoniosamente posicionado nesse espaço concedido. Quem diz uma tela, diz um palco igualmente. Esta é a urgência de uma arte que serve o próprio hedonismo estético: só morrerei na consciência de uma morte tragicamente bela, em que a minha mão decai sobre a maçã do meu rosto numa auto-carícia... Este é um exemplo de "obra de arte".
A Beleza é genial, já dizia o mesmo autor. No seu esteticismo revestido de uma sensibilidade singular soube identificar a mística ontologia da Beleza, encarnou-a numa tirana que parece levar a morte às almas mais puras. Dorian Gray morreu pelo veneno da sua própria beleza. O hedonismo extremo tomou posse das suas acções que se impulsionaram para o imediatismo do princípio estético. O medo da efemeridade da sua juventude ocupou toda a sua moral, ditou as leis da perseguição a si próprio.
Muitas e muitas versões se podem fazer deste pensamento tão profundo de Oscar Wilde. ele é imortal e não pertence a uma época. É nosso. Tão simplesmente nosso - do Ser Humano.
«a Beleza é uma forma de Génio - na verdade está acima do Génio, pois não precisa de explicação. É um dos grandes factos do mundo (...) não pode ser posta em dúvida. Tem um direito divino de soberania. Torna príncipes aqueles que a possuem». OW
Sejamos sempre príncipes e princesas da nossa Alma. A beleza reside na própria invisibilidade, procuremos apenas o manto que esconde a tela perfeita da Beleza Humana.
Não se deixem morrer sem ler este livro, a sua beleza deixou sem explicação qualquer movimento dito saudável das minhas ideias.