sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Rear Window


o dia está a surgir. tudo se vê da minha janela: os prédios altos e uniformes onde se reflectem os primeiros raios de sol, as árvores urbanas plantadas nas ruas em estilo de ornamento, os cães que vagueiam como que à procura de um dono na solidão da manhã, os gatos que miam de fome, as crianças a entrarem pelo portão da escola, os velhos a jogarem às cartas e a "deitarem o olho" às raparigas que passam, os carros que se seguem uns aos outros e se copiam nos movimentos: o virar à esquerda, o virar à direita, o parar na passadeira... vêem-se também as paragens de autocarros apinhadas de gente que sabe o que significa a palavra "espera", as esquinas que escondem os namoros apressados, os cafés que se enchem para o primeiro manjar do dia. tudo parece ter um movimento próprio. a dinâmica dos dias é um retrato que se repete à beira da minha janela.

poisou agora um pombo no parapeito. interronpeu a minha contemplação. vou-me embora porque não gosto de pombos. fecho a portada da janela. o dia começou.

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