segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

sentir


eu sou o meu corpo que caminha, os meus gestos que se repetem , a vida que se cumpre. às vezes sou apenas isto. sou isto e a minha própria ausência, um vazio dentro do vazio, o eco do silêncio, a ideia sem movimento. às vezes esse silêncio bruto grita-me dos confins da consciência, e eu reactivo as funções vitais do intelecto e grito mais alto que ele.

hoje tenho um grito emudecido pelo pudor do coração. hoje é desses dias, em que penso sem sentir. hoje recuso o movimento da alma.
ela só aceita dançar na suspensão do grito.



depois disso posso sentir?

por favor.

4 comentários:

  1. ao ler e reler estas, procurei um texto antigo, sem data, de onde recupero esta pequena parte:

    "(...)Olharás pela janela que se move no teu peito rosa, as pessoas imóveis pelas ruas enquanto o teu olhar gira e se move sem o arrebatamento daquilo que alguém sem pressas chamou de felicidade, como se a facilidade com que se desfolha um dicionário permitisse reler no significado dessa imunda palavra, o ângulo certo da palavra que não tomarás, suspensa no corpo que só de leve sentiste, naquela mão fugidia, daquele braço que te poderia envolver, daquele ombro de onde espreitarias imóvel terna eternamente todos os elementos do espaço, do tempo, das almas que correm apressadas sem se aperceberem do seu próprio vazio, do teu própri vazio, do meu próprio retorno, daquele ombro onde gostarias de mergulhar, sussurrar ao ouvido os teus gestos, os amplos gestos do teu coração, que agora dói, enquanto tens os teus lábios encostados, na carta, no mapa incerto, nas palavras que moviam montanhas se tu pudesses, se tu escutasses, se tu olhasses no olhos, olhos nos olhos, aquilo que temes escutar (...) porque todas as pedras do mundo pertencem-te, assim como as águas que elas souberam parir sem um grito que fosse(...)"

    com toda a estima e respeito, que um abraço possa conter,

    Leonardo B.

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  2. A relação não poderia ser mais directa. :)

    Obrigada

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  3. ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    JOSEPHINE

    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER Y CHOCOLATE.

    José
    Ramón...

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  4. Como sei o que é sentirmos ser apenas isto, que tão bem descreveste. Adoro sempre a forma como escreves Inês, mais um belo texto!**

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