segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

uma nuvem sem céu

estou suspensa na passagem dos dias. sou uma nuvem vadia que anda por terra. falta-me o céu. falta-me estar mais perto do brilho do sol e da esperança das estrelas. falta-me esse chão-ao-contrário. sinto-me menos fofa, menos branca, cada vez mais magra, e, curiosamente, mais pesada. a dieta de expectativas desregulou-me. preciso de subir para o meu chão, ser novamente leve e subtil ao toque. branca. ser, afinal, apenas uma nuvem no seu lugar devido.


Perfume, Francesco Furini (1603-1646)

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