gosto de olhar as janelas dos prédios ao fim da tarde, no caminho para casa, e assistir à cerimónia das primeiras luzes a surgir no interior das casas. a treva ainda não desceu, e esta indecisão entre o dia e a noite dá-me a tranquilidade do ainda e a violência do já. penso nas Noites Brancas de Dostoievski e de Visconti, como se o desplante de suspender a visão sobre as janelas dos outros tivesse qualquer coisa de romântico. ando a ler Sherlock Holmes, mas também não é o espírito detetivesco que me organiza os impulsos. queria apenas ficar assim, a olhar as janelas iluminadas dos prédios, para lá de qualquer literatura.
Le notti bianche (1957), Luchino Visconti
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