quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

porta


aguardo piamente a ruptura do silêncio que se instalou aqui. aqui, onde as paredes brancas parecem ampliar tragicamente o maldito silêncio.
a solidão das paredes brancas é degradante: nem um quadro, nem uma fotografia, nem um traço disforme da caneta na mão de uma criança. nada.
as coisas permanecem iguais a si mesmas. olho uma e duas vezes, em intervalos de segundos, e tudo se mantém estupidamente na sua existência imóvel.

respiro o aroma perfumado que uma vela acesa oferece, e penso:

porque é que carrego este quarto dentro de mim?
ninguém abre a porta cujo ranger é a mágica quebra do silêncio.

(onde estou?)

1 comentário:

  1. Quantas vezes sinto o mesmo silêncio que tanto adoramos ou sentimos como estranho (quando nos falta alguém ou alguma coisa...)
    O imóvel das coisas pode ser mesmo assim, perturbador e tão difícil de suportar..Mas, temos sempre os momentos de vida em que entram na porta do quarto gentes que quebram o vazio do silêncio. :)

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