apetecia-me escrever sobre um
filme. fui ao visionamento do Jimmy’s Hall com a esperança colada aos pés, como
palmilhas energéticas que alentam um acordar-cedo-para-algo-novo-a-acontecer. eu
sabia que o Loach não sairia muito do seu “caldinho” habitual, dessa coerência
um pouco enfadonha, dessas duas ou três estrelinhas mastigadas. é pena, porque
eu queria mesmo escrever sobre um filme, pensar sobre ele, descobri-lhe as
verdades ocultas ou as falsidades descaradas. perdi a vontade, ou melhor,
adormeci nessa vontade, tal foi o aborrecimento. ainda assim, e porque gosto de
encontrar sempre um feixe de luz (quando é possível) nas coisas mornas, este é
o momento mais apreciável do filme: dois corpos moldados pelo tempo – o tempo
da ausência -, dois olhares que se querem, no compasso de uma última dança no
salão vazio. um adeus sussurrado e testemunhado pelas cadeiras arrumadas.
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