tenho tanto ritmo no tambor cardíaco que acho que estou prestes a apagar-me, restam-me poucos minutos. estou a rebentar de instintos musicais. calcei os saltos altos para chegar à prateleira onde guardo as cartas que te escrevo em silêncio e anonimato. vesti a mini saia que mais gostas para imaginar que danço para ti. o meu corpo continua agitado pelo rufar deste tambor doce e infernal. não sei se sofro ou se sou feliz. talvez ambas as coisas. sou tão feliz que até dói. é isso afinal. estou tão musical que no lugar das palavras vejo notas de uma pauta que dá à própria leitura a melodia que me embriaga. estou lentamente a rasgar-me. sou uma carta escrita que não quer ser lida. coloco-me, ainda que já rasgada, na prateleira que te encerra.
a música de repente ficou mais alta.
já passaram alguns minutos.
vou tirar a saia.
já me viste dançar.
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