quinta-feira, 13 de outubro de 2011

almofada




tenho a almofada encharcada dos sonhos que verto, sem querer, sobre ela. sobre ela não, para dentro dela, da sua textura mole que os absorve como uma esponja que lava desinteressadamente a loiça e contacta com a sujidade dos pratos. os meus sonhos são também eles água suja, água que já lavou outros pratos. água que precisa ser renovada, para que não fique retida na almofada e, pela sua pureza possa voltar ao céu e transformar-se na chuva que tudo abençoa.




vou trocar por agora a almofada, e carregar outra de água.


pode ser que esta água venha mais cristalina.

1 comentário:

  1. Bonita metáfora.
    Quem deixa de sonhar morre, é uma constatação biológica interessante. Fica cheio de "sujidade", nem a almofada a filtra.

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