decidi que queria festejar a tua partida. comprei vinho, aquele queijo francês vestido de branco (que dá pelo nome Brie), os morangos caros fora da época e o gelado de nozes que faz doer os dentes. deixo tocar um piano solitário qualquer, aprisionado num CD antigo qualquer, e olho pela janela enquanto dou pequenos goles no copo de vinho e trinco o queijo já quase derretido nos dedos. apanho um morango como se apanhasse uma goma daquelas difíceis de desfazer na boca, e demoro-o na língua, até perceber quando deixa de ser doce e começa a ficar ácido. enterro um dedo no gelado e faço uma pinta no nariz. porquê que a festa está a durar tanto tempo? vão-se embora, tenho de ir dormir. amanhã acordo cedo. silêncio. há silêncio aqui. outra vez. sempre.
e eu continuo a olhar pela janela.
de repente, deixei de ter esta idade;
pintei-me da esperança infantil.
pintei-me da esperança infantil.
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