quinta-feira, 22 de novembro de 2012

beata


Já não sei
onde deixei
a beata do cigarro
que fumei a pensar em ti.
Queria guardá-la
conversar com ela
dizer o quanto
o fumo era palavra.
             Fumei para não dizer
             fumei para guardar segredo
             fumei para fazer
             do verbo exalação.
Não é agradável
o cheiro do tabaco
mas fumá-lo
foi estar contigo
foi um ato perfumado.
Procuro a beata
chamando por ti
posso  tê-la apagado mal
tão imersa estava
na chama
que me tomava o pensamento.
Não sei
onde deixei cair a beata.
Talvez
ela saiba guardar segredo
afinal, é só uma palavra
             mas é uma palavra
             que devora tudo.

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