havia qualquer coisa de
enunciativo naquele dia em que usei o chapéu para ti. chovia, e eu não sabia
que o usava para ti. saí sorrateira pela porta, como se fosse vigiada. talvez até
fosse, por um deus qualquer. talvez. desci as escadas como se quisesse muito ir
andar à chuva. usava o chapéu para ti, mas ignorava levemente esse propósito. só quando à noitinha me escreveste dizendo «hoje estavas muito bonita. fizeste-me pensar numa actriz de quem gosto muito, num filme de que gosto muito, a partir de um livro que...isso. que pena a humanidade ter deixado de usar chapéu»... só aí alcancei a minha
intenção dissimulada. naquele dia, quis ser toda a humanidade, todos os tempos…
para ti. cabia tudo no meu chapéu.
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