foste embora com o adeus pendurado nos lábios. a chávena
vazia ecoa agora a ausência do café que consumias em pequenos tragos, falando
do futuro, dos teus projetos. há cinzas em cima da mesa, sintoma do entusiasmo do
discurso que te levava a falhar o cinzeiro. os sonhos colocam-te uma prega no
canto dos olhos, um regozijo na pele, como os grandes planos do cinema gostam
de mostrar. olha para ti, no grande ecrã: o Sonhador. todos deixam passar este
filme – sala vazia -, porque não condiz com o pessimismo dos tempos… continuo
aqui sentada, tributária da amizade que saiu a correr com o adeus pendurado nos
lábios. o mais curioso é que nunca ouço esse adeus, mas vejo-o suspenso no
vento com que sais apressado. amigo, não deixes de sonhar e diz-me adeus à
despedida. até à próxima, com uma chávena cheia.
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