essa penugem macia que faz de ti o mais apetecível dos toques desassossega
a vontade, quando não estás por perto. anda,
chega-te aqui. com uma mão no teclado e a outra pousada num dorso quente e delicado,
escrevo em suavidade de consciência. desconheço os caminhos que percorro,
enquanto tento as palavras certas, como a fruta madura que se colhe na época. é difícil encontrar o ponto intermédio entre o verde e o já podre. a frescura
escapa-me. mas com uma mão pousada no teu gracioso dorso, faço, tranquila, a
caminhada entre as árvores. porque é tão agradável escrever, mesmo que não se saiba
ao certo o quê. vejo ali um pêssego que me parece estar bom para colher. vou
correr para ele, mas, entretanto, não saias daqui. não deixes o lugar
literariamente cativo que é o simples estar ao alcance do meu toque.
(Pintura: Pierre-Auguste Renoir)
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