sábado, 6 de julho de 2013

responsabilidade

derramo calor pelos lençóis acostumados. vem, de longe, percorrer-me uma aragem de sono. o eco da última frase que hoje li no livro à cabeceira, Memórias de Adriano, ainda ressoa no espírito: “(…) Sentia-me responsável pela beleza do mundo.” sinto-me assim, em plano de humanidade com Adriano. não pelo grande desígnio de que se autoinveste um imperador, mas pela vontade do servo que ainda procura a beleza nos pequenos canteiros da realidade. todos os dias tento trazer o máximo de flores para te oferecer, num ato de responsabilidade por assegurar que os teus olhos verão um pouco da beleza do mundo.



 (toco com o dedo na bolha da tua presença. não rebenta, não se afasta: molda-se ao meu corpo como a melodia da noite que nos abarca.)



(pintura: Pierre-Auguste Renoir)

1 comentário:

  1. [a beleza, como se fora a imitação dum estalido, um som... como o que Agustina depôs n'Um Cão que Sonha: "Era apenas um som; de alguma forma correspondia a outro som e provavelmente fora assim que a música surgira. Não havia pretensão de transmitir ideias e era extremamente calmante - Nunca ouvi uma coisa assim, mas também não me incomoda."... que cedo o tarde a beleza pertence aos que teimam no mundo.]

    um imenso abraço,

    Lb

    ResponderEliminar