derramo calor pelos lençóis acostumados. vem, de longe, percorrer-me
uma aragem de sono. o eco da última frase que hoje li no livro à cabeceira, Memórias de Adriano, ainda
ressoa no espírito: “(…) Sentia-me responsável pela beleza do mundo.” sinto-me assim,
em plano de humanidade com Adriano. não pelo grande desígnio de que se autoinveste
um imperador, mas pela vontade do servo que ainda procura a beleza nos pequenos
canteiros da realidade. todos os dias tento trazer o máximo de flores para te
oferecer, num ato de responsabilidade por assegurar que os teus olhos verão um
pouco da beleza do mundo.
(pintura: Pierre-Auguste Renoir)
[a beleza, como se fora a imitação dum estalido, um som... como o que Agustina depôs n'Um Cão que Sonha: "Era apenas um som; de alguma forma correspondia a outro som e provavelmente fora assim que a música surgira. Não havia pretensão de transmitir ideias e era extremamente calmante - Nunca ouvi uma coisa assim, mas também não me incomoda."... que cedo o tarde a beleza pertence aos que teimam no mundo.]
ResponderEliminarum imenso abraço,
Lb