quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Jean Renoir


preferir: v.tr. 1 dar preferência a; dar primazia a; escolher; 2 ter predileção por; gostar mais de; 3 antepor (Do lat. vulg. *praeferere, por praeferre, «levar adiante»)

Dicionário da Língua Portuguesa 2009, Porto Editora


levei adiante a convicção de que tenho uma predileção/dou primazia/escolho/gosto mais de Jean Renoir do que. há razões racionais (passo o pleonasmo) e irracionais para se preferir algo ou alguém ao resto do mundo que são as outras coisas/os outros. quando criança, tinha uma dificuldade imensa em tomar decisões no campo das preferências, dizer “o que mais gostava, acima de tudo”: o prato preferido, a cor, o desenho animado, o livro, o mano ou a mana. só tinha um peluche preferido, mas isso é porque ele não me largava, dormia na minha cama e colava-se aos meus braços para todo o lado. um chato. de resto, foi com o tempo que ganhei alguma coragem para decidir “os mais que tudo” da minha vida, e o que me dá maior gozo é notar que este fenómeno de (e desculpem se me repito) gostar mais de, funciona genuinamente numa base de irracionalidade, deixando quase de lado a racionalidade. sinto-me muito mais confortável na solidão que é responder «porque sim» do que deixar correr um rio de fundamentos (são incontáveis), para que se perceba o porquê. não há um porquê, há a irracionalidade íntima da preferência. 
já li (muito), escrevi, e falei sobre ele, noutras circunstâncias. e que maravilha é agora dissertar apenas sobre a natureza da preferência, esse "não ter que falar", mas sentir apenas no paladar o doce prazer do seu nome.




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