no silêncio
está a respiração do que não acontece. o nada revestido de uma pele qualquer. pode
ser a minha. aqui e ali vêem-se peças de roupa espalhadas que, pela disposição selvagem, pedem para serem
pintadas ou fotografadas. os vestígios não fazem barulho, ficam assim, amuados,
como crianças de castigo, filhos de um momento. ainda quentes, esses vestígios vivem
da respiração do que não acontece porque já aconteceu. o que aconteceu ficou seco como a borra de café no fundo da chávena. não se lava a chávena. não.
o silêncio habita. ele
chega, senta-se e pinta o quadro.
aquilo que já aconteceu mas ainda respira.
Toulouse-Lautrec
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