antes de
existires para mim, já te pronunciava na segunda pessoa do singular. eras sujeito
da frase e verbo intransitivo. Tu existes:
o teu nascimento gramatical para mim.
Eu existo,
Tu existes,
Ele existe…
não. só se “ele” fosse a soma de nós os dois, uma espécie de reflexo de duas
existências. Eu e Tu - assim aprendi a conjugar os verbos, num regime egoísta. talvez.
antes de
existires para mim, já eu te predicava nos textos da escola. se escrevia “chove”,
logo me sentia perdida pela ausência do sujeito na frase. porquê que não
podia escrever “tu choves”? onde estavas
quando chovia? esperavas por mim numa rua qualquer, mesmo desconhecendo a minha
existência gramatical? eu pensava que sim, então aprendi a construir uma oração com todos
os seus constituintes semânticos no lugar certo. Tu estavas
na frase, e por isso ela fazia sentido.
antes de
existires para mim, a minha palavra escrita já te denunciava. era um ditado do
coração.
antes do corpo, era o verbo.
Ah fadista!
ResponderEliminarFantástico. Cada palavra, uma pétala de rosa. Tão leve, tão preciosa.
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