Fechei os olhos, tal como pediu.
- Estão fechados? - perguntou. - Não vale espreitar.
- Estão fechados - confirmei.
- Mantém-nos fechados - disse ele. - E não pares agora. Desenha.
(...)
Depois ele disse:
- Acho que já chega. Acho que conseguiste. Dá uma olhada. O que te parece?
Mas eu tinha os olhos fechados. Apeteceu-me continuar assim durante mais um pouco. Achei que era uma coisa que devia fazer.
- Então? - perguntou ele. - Estás a ver?
Ainda tinha os olhos fechados. Estava em minha casa. Sabia isso. Mas não sentia que estivesse dentro de lugar nenhum.
- É extraordinário - respondi.
Catedral, Raymond Carver
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