espirituosa é a noite que se derrama pela cidade como um copo de vinho tinto na toalha branca. suspende a luz democrática do dia, e logo instala as trevas, generoso abrigo da intimidade dos gestos que temem o julgamento dos olhares. embriaga os corpos abatidos pelo acumular das horas, liberta os pensamentos vassalos do protocolo social, semeia o instinto nos lábios adormecidos dos inseguros. noite, mãe do desejo, noite, animal selvagem, noite, pele silenciosa. tudo nasce e torna a ela. do escurinho do seio materno viemos, ao escurinho queremos voltar. que estrelado estava o céu, quando, fetal, na barriga da minha mãe eu habitava.
não tenho medo do escuro, mas… podes dar-me a mão?
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